
Neste sábado (15), Dia do Professor, diz que valeu a pena o esforço,
que ensinar é gratificante, mas espera que a carreira seja mais
valorizada. "Gosto de ser professor, é sensacional.
Mas
a profissão está um pouco difícil com salas superlotadas, falta de
equipamento e salários baixos. O que compensa é o carinho dos alunos",
diz.
Diadema (Foto: Arquivo pessoal)
Santos dá aulas de português em turmas da quinta série, sétima série e
do primeiro ano do ensino médio. Prefere os alunos dos anos iniciais
por achar que eles se dedicam e demonstram mais afeto. Recentemente foi
aprovado no concurso público da rede municipal de São Paulo e no
próximo ano, se for convocado, pretende conciliar os dois empregos, em
São Paulo e em Diadema, com um mestrado. A meta é lecionar em
universidades.
'Trabalhador fantasma'
O emprego como gari foi sugestão de seu pai que conhecia o gerente da empresa. Santos não teve dúvidas em aceitar, passou por uma entrevista e logo foi para o batente. O salário era de cerca de R$ 400 mensais, o suficiente para pagar a mensalidade.
O emprego como gari foi sugestão de seu pai que conhecia o gerente da empresa. Santos não teve dúvidas em aceitar, passou por uma entrevista e logo foi para o batente. O salário era de cerca de R$ 400 mensais, o suficiente para pagar a mensalidade.
"Nos primeiros dias foi um choque porque era um trabalho pesado e
braçal que nunca tinha feito. Trabalhava um domingo sim e outro não. Era
a pior parte porque neste dia fazíamos a coleta das feiras."
À noite, na faculdade só os amigos mais próximos sabiam do ofício de
Santos. "Não falava muito porque sabia que haveria discriminação. Gari é
um trabalhador fantasma, alguém invisível. A pessoa está do seu lado,
joga um papel no chão e nem olha para você."
Santos não se envergonha da experiência e diz que nesta época aprendeu
a ser perseverante, como um professor tem de ser. "A rotina era
cansativa, mas não pensava em desistir. Sempre tive incentivo dos meus
pais mas sabia que valia a pena batalhar por um objetivo." O professor
lembra que os colegas garis diziam que ele aguentaria no máximo dois
meses de trabalho e que depois de superar a expectativa e conseguir se
manter no cargo, virou exemplo.
O professor só deixou as vassouras quando conseguiu um estágio em um
colégio no Jabaquara, Zona Sul de São Paulo, onde estudou. De
estagiário, passou a professor eventual - que cobre faltas dos docentes
titulares - até ser aprovado em um concurso, em 2004, e seguir para a
escola José Fernando Abbud, onde está até hoje.
G1
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