Os resultados da Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização), exame inédito que verifica a qualidade da alfabetização das crianças que concluíram o 3º ano (2ª série), revelam que 56,1% dos estudantes aprenderam o que era esperado em leitura, e 42,8% em matemática, com grande variação entre as regiões do País e as redes de ensino pública e privada.
A avaliação foi feita a partir de uma parceria do Todos Pela Educação com o Instituto Paulo Montenegro/Ibope, a Fundação Cesgranrio e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
As provas foram aplicadas no primeiro semestre de 2011 a cerca de 6 mil alunos de escolas municipais, estaduais e particulares de todas as capitais do País.
“Esta iniciativa é importante pelos resultados que expõe, mas também por sua contribuição para a construção de uma escala de proficiência em leitura, escrita e matemática para os primeiros anos do ensino fundamental”, afirma Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação.
De acordo com Ana Lucia Lima, diretora-executiva do Instituto Paulo Montenegro, “os resultados da Prova ABC também ressaltam a necessidade de se combater as desigualdades de oferta entre as regiões e as redes de ensino, que já se apresentam críticas neste final do ciclo de alfabetização”.
Nível 175 na escala Saeb
“Os resultados são apresentados nas escalas Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) de leitura e matemática. Consideramos como tendo aprendido o que era esperado para esta série (3º ano ou 2ª série) a partir de 175 pontos nas duas escalas, tanto para leitura quanto para matemática”, explica Nilma Fontanive, consultora da Fundação Cesgranrio.
Em leitura, ao atingir pelo menos 175 pontos, o aluno, entre outras tarefas, consegue identificar temas de uma narrativa, localizar informações explícitas, identificar características de personagens em textos como lendas, contos, fábulas e histórias em quadrinhos e perceber relações de causa e efeito contidas nestas narrativas.
Em matemática, no nível de 175 pontos, os alunos têm, por exemplo, domínio da adição e da subtração e conseguem resolver problemas envolvendo, por exemplo, notas e moedas.
Resultados de Leitura
O desempenho médio dos alunos que fizeram a prova foi de 185,8 pontos na escala, com 56,1% do total das crianças aprendendo o que era esperado para esta etapa do ensino em leitura.
Há variação no País e as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste tiveram desempenho acima da média nacional (185,8) com, respectivamente, 197,9; 193,6 e 196,5 pontos. Abaixo da média brasileira ficaram o Norte e o Nordeste com 172,8 e 167,4 pontos.
Os resultados também variam nas redes de ensino: os alunos da rede privada atingiram 216,7 pontos em leitura, e os da rede pública ficaram com 175,8 pontos.
Resultados de matemática
Em matemática, a média nacional foi de 171,1 pontos, e 42,8% do total das crianças aprenderam o que era esperado para esta etapa do ensino. Acima da média nacional, ficaram as regiões Sul (185,6), Sudeste (179,1) e Centro-Oeste (176,5); abaixo dos 171,1 pontos, as regiões Nordeste (158,2) e Norte (152,6).
A média nacional dos alunos da rede privada foi de 211,2 pontos e a da rede pública foi de 158,0 pontos. Em nenhuma das regiões, estudantes de escolas públicas tiveram desempenho igual ou superior a 175 pontos.
“Estes dados apontam que o baixo desempenho em matemática apresentado pelos alunos brasileiros ao final do ensino fundamental, e posteriormente do ensino médio, começam já a serem traçados nos primeiros anos da vida escolar. Fato que nos coloca diante da necessidade de promover políticas públicas de incentivo a aprendizagem de matemática desde a alfabetização”, afirma Ruben Klein, consultor da Cesgranrio.
Resultados de Escrita
Todos os alunos que participaram da Prova ABC fizeram também uma redação. A prova de escrita foi avaliada em relação a três competências: adequação ao tema e ao gênero; coesão e coerência; e registro (grafia das palavras, adequação às normas gramaticais, segmentação de palavras e pontuação). De uma escala que vai de 0 a 100 pontos, o desempenho esperado dos alunos de 3º ano (2ª série) é de pelo menos 75 pontos.
Um aluno que atinge os 75 pontos apresenta bom desempenho para as três competências, ou ao menos desempenho razoável para uma delas e bom ou muito bom nas demais. Isto significa que estes alunos que ficaram acima dos 75 pontos são capazes de desenvolver bem o tema e os elementos organizacionais do gênero solicitado, organizar bem as partes do texto, demonstrando bom domínio dos recursos coesivos, e apresentam bom domínio no registro escrito, referente à norma gramatical, com pontuais desvios.
A média nacional foi de 68,1 pontos; a média das escolas públicas foi de 62,3 pontos e a das particulares, de 86,2 pontos. Os dados também variam entre as regiões do País.
Clique aqui para baixar a apresentação com os dados mais detalhados dos resultados.
Metodologia
A Prova ABC foi aplicada nos primeiros meses do ano letivo de 2011 a uma amostra probabilística, selecionada por Dalton Andrade, de 6 mil alunos de turmas de 4º ano (3ª série), pois, nesta fase, devem estar consolidadas as aprendizagens do ano anterior. A seleção dos alunos levou em conta a proporção das escolas de cada rede, nas capitais de todas as regiões do País. No total, 250 escolas participaram.
Apenas uma turma sorteada de 4º ano (3ª série) de cada uma das escolas selecionadas realizou a Prova ABC. Todas as instituições de ensino participaram voluntariamente da prova.
Cada criança respondeu a 20 itens (questões de múltipla escolha) de leitura ou de matemática – o aluno fez testes de apenas uma das duas áreas. Além disso, todas elas escreveram uma breve redação, a partir de um tema único. Cada escola contou com um aplicador externo.
A Fundação Cesgranrio foi responsável pela elaboração das provas, correção, análise e a interpretação dos dados nas escalas Saeb, com a colaboração do Inep na definição do plano amostral e contribuições do Instituto Paulo Montenegro, responsável pelo Indicador de Alfabetismo Funcional da população brasileira. A aplicação da prova foi feita pelo Ibope.
Fonte: Todos Pela Educação
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