O Brasil possui um número elevado de crianças e jovens dentro das
salas de aula, mas a universalização do ensino ainda é um desafio
nacional. De acordo com dados divulgados nesta terça-feira pelo
movimento independente Todos Pela Educação relativos a 2010, 91,5% dos
jovens entre 4 e 17 anos estão na escola. Isso significa que 3,8
milhões ainda não têm acesso à educação, sendo que 2,9 milhões deles
deveriam cursar pré-escola ou ensino médio.
Enquanto
o ensino fundamental atende 96,7% das crianças, as taxas da pré-escola
e do ensino médio ainda deixam muito a desejar: 80,1% e 83,3%,
respectivamente.
A
região com menor oferta de educação é a Norte, onde apenas 69% das
crianças entre 4 e 5 anos estão na escola. Também no ensino médio, a
região aparece com o pior indicador: só 81,3% dos jovens de 15 a 17 anos
estão na escola. O Nordeste, com atendimento de 86,3%, figura como a
área com maior abrangência da pré-escola. O Sudeste apresenta o maior
índice de inclusão no ensino médio: 85%.
"O
problema vai além da ampliação do número de vagas. Temas como evasão e
atraso escolar deverão figurar nas agendas políticas", afirma o
relatório De Olho Nas Metas 2011, do Todos Pela Educação. De
acordo com um estudo coordenado por Marcelo Neri, da Fundação Getúlio
Vargas (FGV), 67,4% dos jovens entre 15 e 17 anos que estão fora da
escola dizem que a falta de interesse ou a necessidade de trabalhar os
afastaram dos bancos escolares. "Fatores relacionados à oferta de
educação, como falta de vaga e transporte escolar, foram apontados por
somente 10,9% da amostra", ressalta o Todos Pela Educação.
Alfabetização –
Outro ponto de destaque do relatório divulgado nesta terça-feira
aponta para o fracasso da alfabetização durante os primeiros anos
escolares. Para o cálculo, o Todos Pela Educação usa como base os resultados da Prova ABC.
Os
dados mostram que, em média, 43,9% dos estudantes deixam o ciclo de
alfabetização sem aprender o que deveriam em leitura. Na lanterna, estão
as escolas públicas do Nordeste, onde a taxa chega a 63,5%. Em matéria
de escrita, 46,6% não têm o desempenho esperado, sendo que nas
unidades públicas nordestinas apenas uma em cada quatro crianças domina
a competência. Em matemática, os números são ainda piores: 57,2% dos
estudantes do país não conseguem fazer contas elementares de soma e
subtração. Nas escolas públicas da região Norte, três em cada quatro
crianças falham na tarefa.
Parte
da explicação para esse cenário está no baixo atendimento da
pré-escola, já que a educação infantil favorece a permanência do aluno
no sistema escolar e tem impactos comprovados no seu desempenho
acadêmico futuro. O relatório De Olho Nas Metas 2011 foi elaborado com
base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), do Ministério da Educação (MEC) e do Todos Pela Educação. Os
dados são relativos a 2010.
Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário