A
falta de bibliotecas, computadores, laboratórios de ciências,
auditórios e quadras de esportes nas escolas prejudica a aprendizagem
dos estudantes da América Latina. Essa é a conclusão do estudo
Infraestrutura Escolar e Aprendizagens da Educação Básica
Latino-americana, que será divulgado na tarde desta terça-feira pelo
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A
análise feita a partir do Segundo Estudo Regional Comparativo e
Explicativo (Serce), feito em 2006, mostra que o desempenho dos alunos
que estudam em ambientes com boa infraestrutura é superior ao dos que
estão em escolas piores.
Os dados consideram os resultados de 200 mil alunos de 3ª e 6ª séries
do ensino fundamental de 16 países da América Latina em provas de
linguagens, matemática e ciências.
De
acordo com o estudo, os estudantes de escolas urbanas sem ambientes
acadêmicos adequados poderiam subir as médias de 506 pontos em provas
de linguagens e 497 pontos em matemática para 525 pontos e 524 pontos,
respectivamente, caso tivessem condições melhores de ensino. Os alunos
de colégios rurais, por sua vez, aumentariam as notas de 465 para 487
em linguagens, e de 480 para 497 em matemática.
“Nas
provas do Serce, 20 pontos adicionais significam um quarto da
diferença entre a obtenção de um nível insuficiente de aprendizagem e um
nível adequado”, afirma o relatório do BID. O estudo mostrou ainda a
precariedade na infraestrutura das escolas da região e revelou que há
grandes diferenças entre estabelecimentos urbanos e rurais, públicos e privados. O desempenho dos menos favorecidos é pior nas provas.
Na
relação entre a infraestrutura escolar e os resultados acadêmicos dos
estudantes, o estudo diz que os fatores que mais contribuem para bons
desempenhos são: a presença de espaços de apoio ao ensino (bibliotecas,
laboratórios de ciências e salas de computadores), a garantia de
serviços públicos de eletricidade e telefonia, a existência de água
potável, rede de esgoto e banheiros em número adequado.
“Os
governos latino-americanos têm dado atenção à questão da ampliação da
cobertura escolar com êxito. Nisso temos melhorado”, afirma Jesús
Duarte, um dos autores do relatório, especialista em educação do BID.
“Mas agora que as crianças estão nas escolas, é necessário dar atenção à
infraestrutura e aos recursos físicos delas para melhorar a
aprendizagem. Há muito a ser feito nesse sentido”, diz.
Para
diminuir a distância de aprendizagem dos estudantes menos favorecidos,
os especialistas do BID apontam em que os gestores deveriam priorizar o
investimento de recursos. Nas escolas urbanas, segundo eles, deve-se
construir mais bibliotecas, laboratórios de ciências, salas com
computadores e espaços multiuso. Nas zonas rurais, ainda é preciso
acabar com deficiências como a falta de acesso à água potável,
banheiros, rede de esgotos, eletricidade e telefonia.
Mais infraestrutura, melhores resultados
A construção de espaços como bibliotecas, laboratórios de ciências e computadores aumenta a pontuação dos estudantes em provas de linguagens, como mostra o estudo
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
Condições precárias
Os
dados do estudo mostram que os países da América Latina ainda não
oferecem condições básicas de funcionamento aos professores e estudantes
que frequentam as escolas de educação básica. Uma em cada cinco
escolas não tem acesso à água potável e o dobro não conta com rede de
esgoto. Há telefones em pouco mais da metade e um terço dos colégios
não oferece número suficiente de banheiros aos alunos. Falta
eletricidade em 10% das escolas desses países.
Além
disso, cerca de 88% dos colégios da região não têm laboratórios de
ciências, 73% não têm refeitório, 65% não possuem salas de computação,
63% não oferecem salas de reuniões para os professores, 40% não possuem
biblioteca e em 35% das instituições não há espaço para a prática de
esportes.
Quando
se compara as escolas usadas pelos mais favorecidos economicamente (as
urbanas privadas) e pelos mais pobres (as rurais), as diferenças
aumentam. Enquanto, 81% das escolas privadas urbanas têm laboratório de
informática, menos de 13% das escolas rurais possuem esses espaços.
No
Brasil, os especialistas destacaram que menos de um terço dos colégios
possuem salas com computadores disponíveis para a comunidade escolar e
menos de 10% das escolas oferecem laboratório de ciências. Argentina,
Paraguai e Uruguai são os que possuem escolas com melhor estrutura
física na América do Sul.
O estudo
O
Serce utiliza nas provas conteúdos comuns aos currículos oficiais dos
países e o enfoque às habilidades necessárias para a vida, promovido
pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco). Além disso, o estudo combina os dados com
questionários aplicados aos estudantes e às famílias sobre suas
condições socioeconômicas e aos diretores e professores sobre as
escolas.
IG
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