Raio X: Brasil tem mais de 900 mil alunos com necessidades especiais
Dos 54 milhões de estudantes brasileiros, os alunos com deficiências e superdotação representam 1,7% do total. A unidade da federação em que foi contabilizada maior proporção de alunos com necessidades especiais é o Distrito Federal (3,2%).
A menor presença está no Amazonas, que tem somente 0,85% de alunos com deficiências ou superdotados em seu corpo discente.
UF |
Total de alunos
|
Alunos com necessidades especiais
|
%
|
Acre |
266.305
|
6.795
|
2,6%
|
Alagoas |
997.048
|
13.770
|
1,4%
|
Amazonas |
1.319.599
|
11.230
|
0,9%
|
Amapá |
246.389
|
4.433
|
1,8%
|
Bahia |
4.063.285
|
50.459
|
1,2%
|
Ceará |
2.589.304
|
38.380
|
1,5%
|
Distrito Federal |
752.203
|
24.259
|
3,2%
|
Espírito Santo |
957.647
|
19.818
|
2,1%
|
Goiás |
1.558.413
|
26.123
|
1,7%
|
Maranhão |
2.253.378
|
28.143
|
1,2%
|
Minas Gerais |
5.281.940
|
105.783
|
2,0%
|
Mato Grosso do Sul |
745.690
|
19.583
|
2,6%
|
Mato Grosso |
902.971
|
14.919
|
1,7%
|
Pará |
2.514.779
|
23.845
|
0,9%
|
Paraíba |
1.106.880
|
15.000
|
1,4%
|
Pernambuco |
2.652.213
|
28.919
|
1,1%
|
Piauí |
1.030.740
|
12.574
|
1,2%
|
Paraná |
2.905.631
|
72.362
|
2,5%
|
Rio de Janeiro |
4.072.530
|
51.329
|
1,3%
|
Rio Grande do Norte |
1.036.173
|
15.217
|
1,5%
|
Rondônia |
525.683
|
9.804
|
1,9%
|
Roraima |
151.942
|
1.515
|
1,0%
|
Rio Grande do Sul |
2.718.522
|
76.213
|
2,8%
|
Santa Catarina |
1.688.682
|
27.064
|
1,6%
|
Sergipe |
595.592
|
6.069
|
1,0%
|
São Paulo |
10.729.290
|
211.375
|
2,0%
|
Tocantins |
468.426
|
13.846
|
3,0%
|
Brasil |
54.131.255
|
928.827
|
1,7%
|
As estatísticas do Ministério da Educação (MEC) mostram também que 77% dos alunos brasileiros com necessidades especiais estão na rede pública. Minas Gerais é o estado em que as redes pública e privada estão mais próximas na porcentagem de alunos: são 56% na rede pública e 44% na privada. Em Roraima, a situação é diferente: cerca de 99% dos estudantes com necessidades especiais são atendidos pela rede pública de ensino.
Alunos |
Pública
|
Particular
| ||
|
Total
|
%
|
Total
|
%
|
Com necessidades especiais |
716.560
|
1,5%
|
212.267
|
2,7%
|
Total de alunos |
46.412.193
|
100,0%
|
7.719.062
|
100,0%
|
Para especialistas, independentemente da rede, os desafios da Educação para esses alunos são os mesmos: formação e acessibilidade, conforme aponta Augusto Galery, coordenador do Projeto Diversa do Instituto Rodrigo Mendes. “Existe uma gama de questões ligadas à acessibilidade que precisam ser tratadas. Não estou só falando de construir rampas de acesso, mas também de professores que saibam libras, por exemplo.” Novas didáticas, diz ele, são fundamentais: “Ainda temos professores muito apegados a tradição de ensino, em que a aula é centrada no professor”.
A professora e chefe de gabinete da direção-geral do Instituto Benjamin Constant (IBC), Maria da Glória de Souza Almeida, concorda com os desafios apontados, e acrescenta ainda que é necessário ir além de fornecer equipamentos e professores às escolas. “Não adianta ter recursos se não houver uma abertura para a criança deficiente. A Educação tem que ser acolhedora, humanística. Não importa se é uma criança com deficiência ou não”.
Adaptação curricular
Outro ponto importante, de acordo com Galery e Maria da Glória, é a questão curricular das escolas que atendem alunos portadores de necessidades especiais. Os dois concordam que a adaptação curricular deve ser mínima, alterando apenas a metodologia, e não o conteúdo que será ensinado aos alunos.
Para a professora Maria da Glória, os avanços são significativos, mas ainda há muito a ser discutido e melhorado. “Antigamente, tínhamos atalhos. Hoje, temos uma estrada, um caminho a seguir”, diz. “Os professores têm que estar preparados, ter critérios e metas definidas, e conhecer o alunado que têm nas mãos.”
Papel dos pais
A participação da família é essencial para o bom desempenho do aluno da Educação Especial, seja qual for a modalidade de ensino, de acordo com Maria da Glória. “A família tem que estar de mãos dadas com a escola. Se ela ampara, incentiva, o aluno tende a ter sucesso, esteja na escola regular ou especializada”, afirma.
Do total de alunos, 47,7% estudam em escolas regulares, 23,5% estão em escolas especializadas e 4,5% frequentam Educação de Jovens e Adultos (EJA). No Censo 2010, entretanto, faltam informações sobre a modalidade de ensino de 24,3% dos estudantes. Assim, é impossível dizer qual é a modalidade com o maior corpo discente.
Para a professora do IBC, existem experiências positivas nas duas modalidades, e é fundamental que elas passem a trabalhar conjuntamente. “Não existe escola regular versus escola especializada”, diz. “Precisamos estar juntos nessa luta, para suprir as necessidades um do outro. A escola especializada pode ajudar com seu saber acumulado, e a regular, atendendo a todos que precisam”, opina.
Os dados mais recentes sobre o total de crianças com deficiências na população devem ser divulgados com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A contagem mais recente é do Censo 2000, ou seja, há uma defasagem de mais de uma década.
Ver todas as notícias
Nota da Redação
O termo necessidades especiais, refere-se às diferentes necessidades dos estudantes com deficiências ou superdotação. A expressão foi retirada das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (Resolução CNE/CEB nº 2/2001). O texto diz:
?Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001)."
Nenhum comentário:
Postar um comentário