Uma criança que já tenha seus valores próprios adquiridos pela
educação praticada pelos seus pais e escolas, talvez não se tornasse
violenta, ou se tornasse, não seria tão rapidamente, pois aprenderia a
estabelecer a diferença entre a violência dos games e da vida real. Mas
se ela cresce em um meio familiar, escolar e social já violento, ela
pode acreditar que a violência é um valor a ser desenvolvido para poder
sobreviver. Para esta, a violência dos games seria facilmente passada
para a violência da vida.
No Japão, cuja educação e
cidadania do povo atraíram as atenções do mundo quando ele enfrentou o
terremoto e o tsunami em março deste ano, praticamente a maioria das
crianças joga os games contendo violência, como em qualquer parte do
mundo. Nem por isso aumentou a violência entre as crianças, como ocorre
no Brasil.
Se as crianças de ambos os países, Brasil e Japão, brincam com os
mesmos games violentos, no Japão também as crianças deveriam ser
violentas, mas não as são. Por que? Uma das grandes diferenças está na
educação, e nos países onde os valores como empatia, respeito ao
próximo, e responsabilidade social não são ensinados pelos seus pais e
escolas às crianças desde a mais tenra infância, quando então aprendem o
hedonismo egoísta, que é a realização das suas vontades prazerosas sem
custos, pois quem os paga são os educadores e não elas.
A empatia, o que se sente pela outra pessoa, é um valor fundamental
que faz parte da cidadania a qualquer humano que viva em sociedade,
deve ser ensinada pelos pais em uma educação orquestrada. Cada vez que
os pais ficam contrariados, desobedecidos, frustrados, felizes,
realizados e/ou qualquer outro sentimento forte, é muito importante que
seja dado feedback aos filhos, para que estes aprendam o que eles
provocam nos seus pais. Pais que se calam não ensinam aos seus filhos o
que eles provocam nas outras pessoas. Piora muito a violência e a
depredação ambiental a falta de empatia para quem as sofre.
Na violência gratuita, comum nos games, o prazer em matar e destruir
tudo à volta é egoísta e além de não aparecerem os sofrimentos das
vítimas, dos seus familiares e amigos nem os custos das destruições
provocadas pelo violento, ele ainda é premiado.
Há tempos, talvez uns 30 anos, vi em uma tira de humor de jornal, cujo
autor não me recordo agora, esta sequência: 1º quadro: muitas pessoas
entrando, portanto de costas para o leitor, num cinema, cujo imenso
cartaz trazia um caubói parado, de frente, com os joelhos curvados para
fora, como se andasse a cavalo, com um revólver de cada lado com as
mãos afastadas, como se estivesse pronto para atirar primeiro, num
duelo de vida ou morte... 2º quadro: dentro do cinema, o mocinho na
tela na posição acima descrita e na platéia, aparecendo somente as
nucas da platéia... 3º quadro: todos os homens saindo de pernas abertas
como se estivessem com revólveres em seus coldres e prontos para
sacá-los antes do seu rival, o bandido...
Se a criança já é mais agressiva, impulsiva, explosiva, gritona,
mal-educada, não respeita regras sociais de convivência, menos empática,
sem suportabilidade às mínimas frustrações e absorvedora de
comportamentos inadequados à sua volta, como os da tira acima citada, os
games violentos somente pioram o comportamento dela. Portanto, os pais
têm que controlar e não deixar passar nada que piore seu
comportamento, principalmente as atividades interativas como são os
games violentos.
UOL
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