Muito se tem falado em afetividade, mas poucas pessoas compreendem o real significado desse vocábulo nas escolas. O que se vê é o constante enfrentamento entre alunos e professores e isso, muitas vezes, é decorrente de uma falta de cultura para o amor e respeito mútuo.
Muitos professores desconhecem totalmente o que seja o significado e a prática da afetividade na sua práxis docente. Presencia-se, muitas vezes, professores tratando seus educandos com desprezo e discordialidade, chamando-os de nomes impróprios e caracterizando-os de forma inadequada.
A afetividade funciona como um estímulo positivo para a obtenção de novos aprendizados, isso porque os estímulos fazem com que a camada exterior do cérebro se expanda e, consequentemente, aumente a capacidade de aquisição de novos conhecimentos e desenvolvimento da aprendizagem de forma autônoma e consciente.
De acordo com vários estudos já realizados e comprovados cientificamente, a afetividade é primordial para o desenvolvimento cerebral, pois promove uma atividade significativa e intensa nas partes responsáveis pela aquisição da aprendizagem no indivíduo.
Todos os seres humanos precisam da afetividade para se desenvolver plenamente. A escola como instituição, formadora, deve trabalhar as inteligências intelectual e emocional, sendo estas fundamentais para a formação holística do sujeito.
A afetividade torna-se mais necessária em casos em que as crianças - que a escola acolhe – são vítimas de espancamento, violências ou, simplesmente, não recebem afeto de seus genitores ou responsáveis, o que, infelizmente, ainda é muito recorrente em milhares de lares brasileiros. O professor ou educador deve ter a tarefa de desenvolver essa afetividade no educando que, na maioria das vezes, se torna uma ação bastante árdua e penosa.
O educador suíço Heinrich Pestalozzi foi um dos precussores a defender que a cultura do amor deveria ser cultivada no interior da sala de aula. A afetividade, para ele, era essencial no desenvolvimento do aprendiz. Nas palavras de Pestalozzi “o amor deflagra o processo de autoeducação”. Nós, como educadores, sabemos da relevância das ideias de Pestalozzi para a Educação, pois ele vislumbrou uma nova forma de ensinar e ver as relações de professor e aluno, dando uma nova dimensão para os processos de ensino e aprendizagem. Seus estudos continuam sendo atuais.
Outro importante pensador foi o psicólogo e filósofo francês Henry Wallon, um dos mais influentes estudiosos e defensor da presença da afetividade nas salas de aula. Wallon destaca em seus estudos que a intelectualidade e a afetividade são desenvolvidas na criança desde a tenra idade, constituindo-se como essenciais para o pleno desenvolvimento do indivíduo. Este pensador reforçou e corroborou com outros teóricos sobre a relevância de se trabalhar com o afeto no espaço escolar.
Não se deve confundir afetividade com permissividade, pois o próprio processo de desenvolvimento da afetividade no aprendiz é permeado de limites e regras, sendo estas claras e objetivas. Na relação professor-aluno o comportamento afetivo ocorre quando o educador compreende as limitações dos seus educandos e se disponibiliza a ajuda-los de forma colaborativa e cooperativa. Dessa forma, o aprendiz segue o caminho indicado por seu facilitador e, depois de encaminhado e superado seus limites, continua no processo contínuo de aprendizagem autonomamente.
Pode-se inferir então que para que se desenvolva, de fato, a afetividade são necessários os princípios de: respeito, colaboração e aceitação de regras e limites. Desprovido desses meios é impossível para o educador desenvolver a afetividade na sua sala de aula.
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