Especialista defende mudanças nas faculdades de educação
Incentivar a premiação por mérito, mudar o perfil das faculdades de educação e investir na formação dos professores. Essas foram as principais propostas discutidas na 7ª edição do Fórum Globo News, realizado nesta terça-feira (30), em São Paulo, que teve como tema a educação, políticas educativas e formação para as futuras gerações.
Falando para uma plateia composta por jornalistas, membros de fundações e ONGs ligadas à educação, a pedagoga Paula Louzano, consultora da Fundação Lemann, disse que o perfil das faculdades de educação deveria mudar para um modelo inspirado nas faculdades de medicina, em que os residentes ficam em contato com os pacientes antes de se tornarem profissionais.
"Todos os dias formamos professores cujo primeiro contato com os alunos se dá no seu primeiro dia de aula", disse Paula.
Para o subsecretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Ricardo Paes de Barros, um dos grandes desafios da educação é como atrair jovens talentosos para a carreira docente. Em sua avaliação, uma das maneiras de tornar a carreira atraente é instituir políticas de mérito.
"Os professores estão dentro de um mundo competitivo. Todas as profissões estão remunerando o mérito. Se os professores não remunerarem o mérito, vão perder os melhores candidatos".
Paes de Barros disse também que é necessário melhorar a formação dos docentes e que o projeto de instituir uma avaliação nacional de docentes vai estimular a concorrência entre professores de diversas partes do país.
"Isso [a prova] é um prêmio para a meritocracia e vai fazer com que o Brasil se misture mais."
EDUCAÇÃO BÁSICA
O sociólogo e cientista político Simon Schwartzman centrou sua análise no ensino médio, etapa de aprendizagem em que se exige uma maratona de estudos, complicada ainda mais, segundo ele, pelas exigências do Enem. "É um dos únicos sistemas do mundo que exige que todo mundo estude tudo de um currículo gigantesco", afirmou.
Já o psicólogo e presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista de Araújo, teceu comentários sobre os processos de alfabetização. Segundo Araújo, há uma forte diferença as escolas públicas e privadas.
"Quando você coloca seu filho na escola [privada], você sabe que ele vai ser alfabetizado no final da primeira série".
Já nas públicas, a noção de um "processo permanente" de alfabetização acaba prorrogando essa etapa de aprendizagem, segundo Araújo.
O debate também contou com a presença do diretor da escola estadual Tomé Francisco da Silva, Ivan José Nunes Francisco. Localizada no interior de Pernambuco, a escola obteve nota 6,5 no último Ideb, acima da média de países desenvolvidos.
Francisco disse que um dos segredos para o sucesso da escola é a realização de avaliações periódicas para assim atacar os pontos fracos.
"Detectamos que áreas estavam mais fragilizadas e começamos a trabalhar com a coordenação pedagógica", disse.
O professor de geografia Luciano Pessanha, da escola estadual Tasso da Silveira, do Realengo, no Rio de Janeiro, contou que medidas foram adotadas pelo colégio após a tragédia ocorrida em 7 de abril, quando o ex-aluno Wellington Menezes invadiu a escola, atirou contra estudantes e matou 12 crianças.
"A escola balançou, foi desafiada, mas está de pé".
Folha
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