NAMORO NA ESCOLA: QUAIS SÃO OS LIMITES?
Pode namorar na escola? Qual é o limite do carinho entre casais de adolescentes na hora do recreio? Qual é o papel da escola e qual é o papel da família? Essas são questões que, muitas vezes, dividem adolescentes, pais e professores. Exatamente por isso, é um tema que precisa ser tratado com cuidado.
Namorar é algo íntimo e, em um espaço público, isso deve ser feito de forma comedida. Ainda mais na escola, onde há crianças e adolescentes de diferentes faixas etárias. Por isso, a maioria das escolas tem regras e limites para o namoro entre alunos. Nada mais justo. Mas é importante que essas regras não sejam apenas impostas, e sim discutidas e debatidas com toda a comunidade escolar. E é preciso que elas fiquem claras para todos. No entanto, mesmo com regras, alguns desentendimentos podem acontecer.
No Colégio Vértice, em São Paulo, certa vez um jovem casal trocava um beijo em um local mais escuro perto dos banheiros enquanto uma professora de Artes passava com alunos pequenos pelo corredor. No dia seguinte, os pais de uma das crianças procuraram a escola: o pequeno contou em casa que tinha visto um casal transando no banheiro. "Não foi isso o que aconteceu, mas o jovem casal propiciou essa leitura", afirma Adilson Garcia, diretor da escola. O jovem casal teve de ser repreendido, para que não agisse mais daquela forma.
No escola de São Paulo, os alunos são orientados a não dar beijos "de língua" e a não sentar no colo um do outro. "Não permitimos manifestações exacerbadas", resume Garcia. Para que as regras fiquem claras para todos e que os alunos entendam por que elas existem, o tema da sexualidade é trabalhado a partir do 6º ano do Ensino Fundamental, na disciplina "Educação para a Vida em Família", que também trata de temas como identidade e questões emocionais.
Mas atenção: regras são importantes, porém proibir os adolescentes de namorar na escola não é o melhor caminho. "A escola é, antes de mais nada, um espaço público e deve ser tratada como tal", afirma Luciana Fevorini, coordenadora do Ensino Fundamental II do Colégio Equipe, em São Paulo. O ideal é conversar com os adolescentes e estabelecer os que os jovens podem fazer, onde e como. Confira algumas dicas para pais e professores tratarem do assunto:
Não é o lugar certo nem o errado, mas deve ser considerado um espaço público como qualquer outro. Andar de mãos dadas, pode. Dar um "selinho" ou outro, também. Mas não deve passar disso, pois outras pessoas podem se sentir incomodadas com demonstrações explícitas de sexualidade. E o problema não são só as crianças pequenas que podem estar no mesmo ambiente do casal de namorados. "Até para os professores pode ser constrangedor", diz Adilson Garcia, diretor do Colégio Vértice.
O que esperar da escola? É preciso que a escola imponha limites ao namoro entre os adolescentes, mas sem proibir. O ideal é que o tema da sexualidade seja debatido em alguma disciplina e que os jovens entendam por que existem determinadas regras. "Como espaço público, é preciso que os adolescentes entendam que a diversidade deve ser respeitada e que ‘amassos’ muito fortes não são adequados em um espaço onde pode haver crianças", diz Luciana Fevorini, coordenadora do Ensino Fundamental II do Colégio Equipe.
Como a escola deve tratar a questão da sexualidade? O ideal é que as regras sejam discutidas com toda a comunidade escolar para que as mensagens sobre limites sejam coerentes. Além disso, é importante deixar claro para os alunos o que é permitido e o que é proibido, explicando os motivos. Se a escola do seu filho não faz isso, reclame. Você tem esse direito!
Como agir quando adolescentes dividem o espaço com crianças do Ensino Fundamental? Manifestações exageradas de sexualidade devem sempre ser evitadas, mas quando há crianças no mesmo ambiente é preciso cuidado redobrado. "Os jovens devem prestar atenção, pois é importante não antecipar a sexualidade para crianças que sequer estão pensando nisso ainda", recomenda Luciana Fevorini, do Colégio Equipe. Por isso, muitas escolas têm turnos diferentes para o Ensino Médio e o Fundamental. No entanto, isso não significa que o "problema" esteja totalmente resolvido, afinal os primeiros namoricos começam já ao final do Ensino Fundamental. Manifestações exacerbadas, portando, devem ser evitadas sempre!
Como a escola deve agir se um casal apaixonado passar dos limites? O melhor é caminho é conversar. Com os adolescentes e com os pais deles, se necessário. Primeiramente uma conversa com os jovens pode resolver o problema. É preciso explicar por que determinado comportamento é inadequado na escola, e não apenas proibi-lo. Se uma conversa franca não resolver, os pais devem ser chamados. O exagero nos "amassos" e nos carinhos é, afinal, um problema de comportamento como qualquer outro - são regras que estão sendo desobedecidas.
Como saber se a escola está agindo de acordo com as orientações familiares? O melhor jeito de saber como a escola trata a questão é conversar com os professores e com a coordenação pedagógica. Em caso de dúvida, não hesite em ir até a escola e fazer perguntas. Você pode, inclusive, sugerir que seja feita uma reunião com pais e professores para esclarecer dúvidas sobre o assunto. Mas lembre-se de nunca desautorizar os educadores. Você pode até achar que um beijo "de língua" não é nada de mais, mas, se a escola proíbe, você deve orientar seu filho a respeitar essa regra.
O primeiro passo é analisar o que você suporta ou não dentro de casa. Se achar que ainda não está na hora de ver o seu filho namorando, você até pode proibi-lo (sem deixar de refletir sobre as possíveis conseqüências desse ato). É direito dos pais controlar o comportamento dos filhos. Mas o ideal mesmo é que vocês tenham um diálogo aberto e construam as regras juntos.
Educar Para Crescer
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