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Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia. Pois o triunfo pertence a quem se atreve... A vida é "muito" para ser insignificante". (Charles Chaplin)


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“.... e aprendi que se depende sempre de tanta, muita, diferente gente. Toda pessoa sempre é as marcas das lições diárias de outras tantas pessoas. E é tão bonito quando a gente entende que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá. E tão bonito quando a gente sente que nunca está sozinho por mais que pense estar ....”

(Gonzaguinha)

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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

LEITURA E DELEITE"CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE"


Aeroporto

Carlos Drummond de Andrade

Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-la a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras e, a bem dizer, não se digne pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.
Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas intenções para com o mundo ocidental e o oriental e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.
Devo admitir que Pedro, como visitante, nos deu trabalho: tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou inoportuno. Suas horas de sono — e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia — eram respeitadas como ritos sacros a ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura da TV. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.
Objeto que visse em nossa mão, requisitava-o. Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis — porque me esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada sobre a razão íntima de seus atos.
Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade — e, até, que a nossa amizade lhes conferia caráter necessário, de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.
Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.


Extraído de: Cadeira de balanço. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1976, p. 61, 62.

Perguntas sobre o texto : Aeroporto
(Carlos Drummond de Andrade)

1)                  O texto Aeroporto de Carlos Drummond de Andrade, trata-se de:
a-                  uma crônica
b-                  uma fábula
c-                  uma poesia
d-                 um conto
e-                  uma notícia
 (reconhecer os diferentes gêneros e suas funções)

2)                  Leia o seguinte trecho retirado do texto e responda:
“Fui levá-lo ao galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor.”    
- Pedro foi levado para o galeão, que lugar é esse?
-  O que é um quadrimotor?
(utilizar conhecimento de mundo para compreensão do texto)

3)                  Por que Pedro se comunicava apenas através de gestos e expressões?
 (elaborar inferências)

4)                  Quanto tempo Pedro passou na casa do amigo?
 (localizar informações no texto)

5)                  Como é o amigo de Pedro?
 (caracterizar personagens do texto a partir de pistas dadas – elaborar inferências))

6)                  Como era Pedro?
 (caracterizar personagens do texto – integrar informações explícitas do texto)

7)                  Por que as pessoas andavam na ponta dos pés, ou descalços, levando tropeções no escuro?
 (elaborar inferências)

8) Na expressão: “...e lhe apraz dormir não só a noite mas principalmente de dia”
A palavra apraz,  signfica:
a- agrada.
b- irrita.
 (identificar contextualmente sinônimos de palavras)

9) O que o autor quis dizer com a frase: “ De repente o aeroporto ficou vazio.” ?
(interpretar frases e expressões do texto)

10) Que relação podemos estabelecer entre o título (Aeroporto)  e o texto?
 (apreender sentido geral do texto)




Um comentário:

  1. Adorei o seu Blog!!!! Aproveitei e copie i o seu texto. Bjs

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