Escola é lugar de aprendizagem e também de construção de relacionamentos e papéis sociais. As constantes mudanças culturais que ocorrem em nossa sociedade fazem com que os alunos de hoje desenvolvam um relativismo moral. Nossos alunos já nascem em uma sociedade informatizada e o predomínio do visual faz com que desenvolvam outro tipo de atenção, aprendendo de outra forma.
A aprendizagem não é uma tarefa que o aluno realiza individualmente, mas sim guiado pelo professor e com implicações emocionais. O sentimento de auto-eficiência do aluno influencia em seu processo de aprendizagem através de comportamentos vinculados ao afeto, motivação, criatividade e capacidade de resolver problemas.
Aprendizagens ocorrem sempre na vida do homem, porém, existem algumas condições físicas, psicológicas, ambientais e sociais que podem favorecê-las ou inibi-las. Para favorecê-la é necessária a maturação e a motivação do indivíduo, bem como, um ambiente apropriado, bem ventilado, com temperatura adequada e uma iluminação que proporcione a eficácia e realização da aprendizagem, além de depender do contexto social e a integração do mesmo nesse contexto.
Refletindo sobre o papel do aluno no processo de aprendizagem podemos afirmar que o cotidiano do aprender vem sendo influenciado pelas comunicações virtuais, ou seja, evidenciamos mudanças na responsabilidade do aluno com a sua aprendizagem, pois o que antes acontecia baseado na relação direta do professor com o aluno na sala de aula, hoje é diferente. Percebe-se a iniciativa em acrescentar mais informações ao conteúdo de aula com a intenção de saber mais. Há a troca constante de informações pela internet e celular. A aprendizagem é muito mais compartilhada. É comum vermos professores disponibilizando o conteúdo em seus blogs ou sites e estando on line em determinada hora para conversar através de chats com os alunos. Todo o aluno, que tem acesso aos meios tecnológicos, que tem interesse e quer complementar o que é apresentado na sala de aula pode perfeitamente comunicar-se com seus colegas e professores através dos contatos virtuais que estão ao seu alcance. Também, ouve-se muito que os alunos comunicam-se para trocar informações sobre temas ou trabalhos. A comunicação virtual está tornando-se tão necessária quanto indispensável por facilitar o entendimento das questões propostas em aula e o alcance das suas soluções. Assim, temos um aluno ativo e interativo no processo de aprender.
Não esquecendo de que é tarefa do educador criar um clima que favoreça a aprendizagem, pois o seu comportamento em relação aos educandos é de fundamental importância para que ocorra uma aprendizagem significativa. A relação de confiança com o professor também é um fator determinante para que possamos dar um novo sentido ao aprender e ensinar.
As pessoas precisam aprender durante toda a vida e o papel da escola é ensiná-las a desenvolver a capacidade de pensar. Paulo Freire defendia que ninguém ensina nada a ninguém, aprendemos juntos. É preciso criar tempos, oportunidades, espaços e estímulos para aprender e enriquecerem-se uns aos outros.
A escola deve ser o lugar onde se aprende com qualidade, havendo, portanto necessidade cada vez maior de contar com profissionais comprometidos e competentes. O professor deve ter uma visão ampla, que permita enxergar a escola como um todo e, principalmente, gerenciar os seus educandos, numa visão democrática, de forma que o conhecimento e a convivência norteiem sua práxis pedagógica.
A grande responsabilidade está no bem-querer, no amor àquele com quem convivemos e dedicamos nossa atenção no dia-a-dia: nosso aluno! É com esse pressuposto que trabalhamos nos colégios Lassalistas, enaltecendo
qualidades e valores tão esquecidos em nossos tempos. Bons professores educam para uma profissão, professores fascinantes educam para a vida.
Contudo, Andrade (2002), destaca que o aprendente é o sujeito que conhece, que é autor do seu pensamento. E esse sujeito surge da fecundação do conhecimento e articulação de um organismo herdado e um corpo constituído. Esse sujeito aprendente se constitui na diferença entre o eu e o tu.
Por isso, o aluno identifica-se com aquilo que o professor demanda. O professor para aproximar-se do aluno, deverá reconhecer suas próprias limitações e a complexidade buscando o significado das ações. É pela linguagem que serão representadas as percepções inconscientes desse sujeito que se apresenta enquanto professor/aluno.
Segundo Bossa, “é uma ilusão pensar que tal processo nos conduza, a todos a um único caminho. O tema da aprendizagem apresenta tamanha complexidade que tem a dimensão da própria natureza humana.” (1994, p.9). Levando com isso cada indivíduo a uma aprendizagem, um caminho, uma forma e a uma visão, significando que aprendizagem é um processo, um percurso no qual o aprender se atualiza, como construção/desconstrução de conceitos /conhecimentos.
Todos os indivíduos são de alguma forma motivados a aprender. No entanto, cabe ao educador descobrir a rota de como chegar ao seu aluno. O incentivo que ocorre em sala de aula deve ser suficientemente forte e eficaz de forma a envolver o aprendiz na situação de aprendizagem.
Enfim, sabe-se que é através da aprendizagem que o homem muda e transforma o meio. A capacidade de aprender está presente no indivíduo desde o nascimento. É um fenômeno do dia-a-dia e não se aplica apenas a situações de sala de aula. Porém, cada pessoa tem o seu próprio ritmo de aprender e o processo é gradual. O importante é que o aluno tenha consciência do seu papel nesse processo, pensando na forma como se mobiliza e direciona a sua ação na aprendizagem.
BIBLIOGRAFIA:
ANDRADE, M. S. A escrita inconsciente e a leitura invisível. São Paulo: Memnon, 2002.
ANDRADE, M. S. A produção do conhecimento: métodos e técnicas de pesquisa em Psicopedagogia. São Paulo: Memnon, 2002.
BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia na Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artmed, 1994.
ANTUNES, Celso. Novas maneiras de ensinar, novas formas de aprender. Porto Alegre: Artmed, 2002.
FERNANDEZ, A. Os idiomas do aprendente: analise das modalidades de ensinantes com famílias, escolas e meios de comunicação. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 27ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.
MEDEIROS, Paula Cristina, LOUREIRO, Sonia Regina, LINHARES, Maria Beatriz Martins et al. A auto-eficácia e os aspectos comportamentais de crianças com dificuldade de aprendizagem. Psicol. Reflex. Crit. [online]. 2000,
LA ROSA, Jorge de (Org.). Psicologia e educação: o significado do aprender. 5. ed.
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.
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